Pular para o conteúdo principal

Ela era apenas uma borboleta ansiosa para voar...

Ela era uma menina diferente. Desde o tempo em que nasceu até o seu primeiro dia na escola se sentia diferente dos demais. E não que isso não fosse bom, pelo contrário, a sua diferença a fazia feliz. Para ela não importava não ser como os outros, e muito mais, ela tinha orgulho de sua singularidade. Sua essência era o que brilhava, ser como os outros não exalava o cheiro que ela, em sua única versão de si mesma, exalava. Ela era única. E em sua tamanha singularidade amava o seu jardim. Ela amava ter nascido onde havia nascido e crescido ali, em meio ao amor e as flores.

Mesmo amando o jardim em que nascera e vivera até então, por algum motivo ela sentia uma vontade enorme de voar. Sair pelo mundo. Visitar outros jardins, sentir outros cheiros, conhecer novas cores e sabores. Ela amava o seu jardim, mas mais do que isso, ela estava ansiosa para voar. Por algum motivo, que até hoje não se explica, ela criara em si uma enorme curiosidade pelo que havia fora do jardim em que vivera até então. Afinal, como seriam os outros jardins? Como seria a vida lá fora? O que havia de tão diferente lá que até então não havia experimentado? Curiosidade, era a palavra. E ela sempre tivera. Uma inquietação a chamava para voar...

E então ela foi. A decisão fora dela, ninguém se tornaria responsável por um desejo que ela mesma havia se dado o direito de satisfazer. O seu desejo era voar, ser liberta de um cárcere que mais parecia o casulo que existia antes de seu nascimento. E então ela voou, por longos e tortos caminhos, ela voou. Visitou lindos jardins. Conheceu outras lindas borboletas. Casulos? Diversos e imensos. O mundo era maior do que o que ela havia imaginado. Mas também conheceu jardins que preferira esquecer. Em alguns desses jardins sentiu sua alma se despedaçar. A sua essência fora interferida, onde foram parar as suas cores? Onde fora parar tudo aquilo que fazia dela um ser único? Onde estava então a sua identidade? Ela havia se perdido...

Decidiu então voltar. Felizmente ou não, algumas das borboletas que não tiveram a audácia em sair e voar pelo mundo a fora acharam que o seu retorno não era algo bom. Mas tudo bem, a borboleta entendia, afinal, poucos eram os que entendiam a sua vontade de conhecer o mundo e os outros jardins, apenas os sensíveis de alma conseguiriam e acolheriam-na como ela é. A borboleta então deixou o tempo passar e hoje ela entende que o seu voo foi necessário, sem ele ela não saberia em qual jardim era melhor pousar. Sem o seu voo ela não conseguiria apreciar a beleza e a mansidão que somente o jardim em que nascera podia lhe dar... Ela enfim percebeu que jardim mais lindo que o seu era impossível encontrar e então de uma vez ela decidiu fazer morada e de seu jardim nunca mais se afastar...
Desafio Criativo de Fevereiro - Projeto Escrita Criativa

Comentários

  1. Que poético seu texto. Gostei da maneira que você brincou com as palavras e com essa dualidade da protagonista. Acho que o que você descrever em seu texto nada mais é do que o processo de amadurecimento, muitas vezes a gente precisa sair do conforto da nossa casa para descobrir que não existe melhor lugar do que nosso lar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Owm que lindo, muito obrigada <3 exatamente isso, você captou bem a mensagem *--* um bj

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Você é amada por Deus e merece ser amada por Si Mesma!

Você se sente amada? Você acha que é sempre esquecida e que quase não faz diferença na vida das pessoas e no mundo? Saiba que muitas mulheres se sentem assim. Muitas esperam ser amadas por todos ao seu redor, mas por mais que todas as pessoas que convivam com elas amem-nas elas não sentem isso no profundo do próprio ser. E isso tem uma razão, existem dois amores que são os que mais preenchem a gente: em primeiro lugar é o amor de Deus ou em outras palavras a sua conexão com a fonte de amor que transcende a experiência humana. Em segundo lugar é o amor da gente com a gente mesma. E então, só depois, é que vem o amor dos outros pela gente. A questão aqui é que muita gente quer esse terceiro aí sem ter consciência do primeiro e muito menos do segundo amor. E sem essa consciência acabam não tendo a iniciativa de cultivá-los. Se ser amada pelos outros é bom? Claro, é ótimo. Mais do que ótimo, se sentir amado é uma necessidade humana. Mas o erro está em colocar o amor das pessoas pela gente

Nunca deixe que lhe roubem a sua essência!

Você é do tipo brincalhão ou quieto? Você é do tipo introvertido ou extrovertido? Você é do tipo colorido ou preto e branco? Você é do tipo que sonha muito ou não? Você é o que? Ultimamente ando refletindo bastante sobre isso. Sobre ser o que você é e sobre ser o que os outros querem que você seja. Eis aí um perigo! A minha personalidade é única e a sua também e não podemos deixar que nada nem ninguém nos roube isso ok ? E eu vejo isso que acontece bastante, o roubo da essência, estranho né? Nem tanto... Todos nós nascemos de um jeito e somos únicos. Desde pequenos temos dons e um jeito de olhar as coisas que é só nosso. Ao longo da vida cruzamos com pessoas diferentes de nós que muitas vezes não compreendem nosso jeito único de ser e se acham no direito de criticar/julgar a nossa personalidade. Um exemplo é o de pessoas introvertidas que sempre ouvem "nossa você está falando muito hein" ou "fulando não cala a boca" (em tom de ironia sabe), mas que infelizmente nu

Fazer as pazes não é sinal de fracasso

Sempre fui do tipo de pessoa que acredita na mudança do outro. Acredito e acredito. Boto fé e caso na segunda vez não dê certo, aí sim eu desisto. Creio que a segunda chance não é um bicho de sete cabeças como muitas pessoas a encaram. Muitos acreditam que dar uma segunda chance é se humilhar, colocar-se para baixo por causa do outro. Talvez essa segunda chance seja o que o outro precisa para ter uma verdadeira mudança na vida. É um ato de confiança e quem quer mudar de verdade não o desperdiçará. Acreditar na melhora do outro é uma forma de melhorar a si mesmo, é uma forma de reduzir o ego que insiste em matar todo o tipo de relacionamento. Se humilhar é esquecer-se de si mesmo e nesse caso você só estará lembrando do quanto pode ser feliz. Perdoar não é nada fácil. Exige muitas doses de tempo e disposição. Não é de uma hora pra outra que a pessoa vai mudar, mas sim, ela pode mudar. Basta querer. E se ela te mostra isso, por que não deixar? Para mim não faz sentido não dar uma seg